- Nunca vi tanto desespero como agora. É só desemprego, desemprego. Em todo o mundo. Não viste na televisão? Fecham fábricas todos os dias. É a fim do mundo que aí vem.
- Fim do mundo, o quê, ti Jaquim?!
- Ora, então vê lá. Nevou no Alentejo. Filhos matam os pais. Pais matam os filhos ou faltam ao respeito às filhas. Há inundações por toda a parte. Terramotos como nunca se viu. São os sinais!
- São os sinais de quê, ti Jaquim?
- De que vem aí a fim do mundo.
- Ó ti jaquim, vossemecê tem cada ideia. Fim do mundo...
- Está na Biblia Sagrada, rapaz. São os sinais. Alguma vez no tempo do meu pai ou do meu avô (que Deus os tenha) se viam cousas destas?
- Ora, isso é da poluição, dos fumos das fábricas e... dos carros. Isso vejo eu na televisão.
-Fumos? Quais fumos? É dos fumos que as pessoas se matam umas às outras? Pais, filhos, irmãos? E os terramotos...
- Ti Jaquim, vossemecê pensa demais. Qualquer dia ainda o vão levar daqui num colete-de-forças. Quem pensa demais dá em maluco. Como aquela em que vossemecê tem a mania de dizer que cantar as Janeiras é assim a modos de pedir esmola sem ter vergonha de pedir. Vossemecê tem cada ideia!
- Nã te rias, Zé, nã te atravesses com outra conversa. Ainda és muito novo. Alguma vez se viu uma coisa como aquilo na América dos aviões a arrebentarem com aquelas casas tão grandes? Ou como há dias aquela onda gigante que engoliu quase países inteiros?
- Ó ti Jaquim, então diga lá como vai acabar o mundo.
- Olha, da primeira vez foi com o dilúvio. Agora vai ser com tremores de terra, fogo, enxofre a arder, para purificar isto tudo. Para começar tudo outra vez, limpo de pecados. Assim Deus, Nosso Senhor, quer para bem da humanidade.
- Espero que não seja no meu tempo.
- Não sei. Só Deus sabe.
- Ao menos que seja quando eu já não puder com as botas, quando um homem chegar à poda raza.
- Não sei. Só Deus sabe. É a fim do mundo, é o que eu te digo.
- Vossemecê pensa muito, pensa demais. As pessoas passam por si e já nem lhe dão a salvação.
- Pois, diz-lhe que sim... Olha e ainda há-de vir um tempo em que o dinheiro não vale nada. Ninguém o vai querer.
- Depois, vossemecê também lê demais. Ou não? Isso tudo é que lhe faz essas fezes na cabeça.
- Leio demais? Vocês só lêem os jornais da bola. Quando lêem...
- Diga-me lá, ó ti Jaquim. É verdade que vossemecê lê o Livro de São Cipriano?
- Ó rapaz, isso são balelas. Essas cousas de negócios com o diabo são manias dessas velhas malucas. Eu quero andar sempre na companhia de Deus, Nosso Senhor.
- Tão malucas como as suas. Como agora essa do fim do mundo...
- Pois. Vai vendo e olhando e vais ver se dois e dois não são quatro. É tão certo como eu estar a ver-te com estes dois que a terra há-de comer. E depois é só dívidas, dívidas... e desgraças. Como é que se vai resolver isto tudo?
- Ó ti Jaquim, então inda agora disse que acaba tudo queimado e depois diz que vai morrer e ser enterrado...
- Vai ser depois de mim, mas não demora muito tempo. Já são muitos sinais.
- Olhe que isso é conversa que não leva a nada.
- Tu é que sabes...
- Até já nem o prior tem paciência para o aturar. É verdade ou não que ele já nem o quer ouvir em confissão?
- Eu não tenho nada para confessar. Ele é que não quer ouvir falar no que diz a Biblia Sagrada.
- Ou nas suas maluquices.
- Ai é? Maluquices? Então ouve lá isto que eu te vou ler. Da Biblia Sagrada. Isto aqui:
"E, tendo aberto o sexto selo, olhei e houve um grande tremor de terra e o sol tornou-se negro como um saco de cilício e a lua tornou-se como sangue; e as estrelas caíram sobre a terra, como quando uma figueira lança de si os figos verdes, abalada por um vento forte; e o céu retirou-se como um livro que se enrola e todos os montes..."
- Já chega, ti Jaquim.
- E isto aqui:
"E o primeiro anjo tocou a sua trombeta e houve granizo e fogo misturado com sangue e foram lançadas sobre a terra, que foi queimada na sua terça parte; queimou-se a terça parte das árvores e toda a erva verde foi queimada; e o segundo anjo tocou a trombeta e foi lançado no mar como se fosse um monte a arder em fogo e tornou-se em sangue a terça parte do mar; e morreu a terça parte..."
- Já chega, ti Jaquim. Já chega!
- Ah, vais-te embora? Vais ver, porque ainda és muito novo. É a fim do mundo que aí vem. Eu bem vos aviso, mas não querem crer.
Histórias curtas, pequenos comentários, pequenos poemas - meios de libertar "pressão", que passa a ser... "EX-PRESSÃO".
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29 de setembro de 2011
27 de setembro de 2011
INDEPENDÊNCIA VI (e última)
Nada de novo há a dizer.
Já cansa!
O tema repete-se e é explicado(?), repete-se e... é repetido.
Venham as eleições de 9 de Outubro e (antes ou depois) que lhe seja entregue o "miminho da Troyka".
Não mais pendências da independência.
FINIS.
Já cansa!
O tema repete-se e é explicado(?), repete-se e... é repetido.
Venham as eleições de 9 de Outubro e (antes ou depois) que lhe seja entregue o "miminho da Troyka".
Não mais pendências da independência.
FINIS.
24 de setembro de 2011
INDEPENDÊNCIA V
Ontem o maior da Madeira voltou a insistir:
- "Deiam-nos" a independência!
Hoje disse que foi só uma força de expressão.
---
Afinal, senhores, em que ficamos?!
- "Deiam-nos" a independência!
Hoje disse que foi só uma força de expressão.
---
Afinal, senhores, em que ficamos?!
22 de setembro de 2011
A EXPLICAÇÃO
Interpelada pela repórter de um canal de TV sobre se havia algum problema na Madeira, uma mulher madeirense, localmente BEM informada, respondeu:
- Temos uma "deveda", mas a culpa é dos cont'nentais.
(NOTA: Dídida não reportada, que o maior do arquipélago reconheceu muito recentemente - há poucas horas - e depois das palavras transcritas acima, ser de 5.000 milhões de euros).
- Temos uma "deveda", mas a culpa é dos cont'nentais.
(NOTA: Dídida não reportada, que o maior do arquipélago reconheceu muito recentemente - há poucas horas - e depois das palavras transcritas acima, ser de 5.000 milhões de euros).
20 de setembro de 2011
CITAÇÃO XXVIII
"JURIS PRAECEPTA SUNT HAEC:
HONESTE VIVERE; ALTERUM NON LAEDERE; SUUM CUIQUE TRIBUERE."
Justiniano
«INSTITUTIONES"
(NOTA: Os preceitos acima podem ser re-encaminhados para a pessoa que entenderem, pois que a obra já caíu... no domínio público - e não irá afectar o... domínio privado de qualquer ilha ou ilhota).
HONESTE VIVERE; ALTERUM NON LAEDERE; SUUM CUIQUE TRIBUERE."
Justiniano
«INSTITUTIONES"
(NOTA: Os preceitos acima podem ser re-encaminhados para a pessoa que entenderem, pois que a obra já caíu... no domínio público - e não irá afectar o... domínio privado de qualquer ilha ou ilhota).
18 de setembro de 2011
TEIAS
Cada aranha
a sua teia
outra teia outra manha
outro tipo de aranha
quando a força lhe esmorece
também se enleia
na teia que outra tece.
a sua teia
outra teia outra manha
outro tipo de aranha
quando a força lhe esmorece
também se enleia
na teia que outra tece.
16 de setembro de 2011
INDEPENDÊNCIA IV
Fomos hoje acordados com a notícia da descoberta de mais uma "ilha" no arquipélago da Madeira: um novo "buracão" de muitos, muitos milhões de euros cúbicos.
Vão, mais uma vez, os cubanos do Cont'nente, também designado localmente por "rectângulo", contribuir para tapar o buracão, à custa dos vencimentos dos trabalhadores e das pensões dos reformados?
Independência JA´!!!!
Vão, mais uma vez, os cubanos do Cont'nente, também designado localmente por "rectângulo", contribuir para tapar o buracão, à custa dos vencimentos dos trabalhadores e das pensões dos reformados?
Independência JA´!!!!
14 de setembro de 2011
CITAÇÃO XXVII
"... A consciência das dificuldades impede o facilitismo, enquanto a consciência das alternativas impede a autoflagelação. ..."
Boaventura de Sousa Santos
«PORTUGAL - Ensaio contra a autoflagelação» - pág. 154
ALMEDINA
Boaventura de Sousa Santos
«PORTUGAL - Ensaio contra a autoflagelação» - pág. 154
ALMEDINA
13 de setembro de 2011
OS "SUJEITOS PASSIVOS"
A legislação fiscal designa o cidadão contribuinte por "sujeito passivo". E tão passivo é, que o legislador passará a designá-lo por "sujeito passivo atado de pés e mãos".
12 de setembro de 2011
EMENTA (extracto)
".............................................................
..............................................................
xxx
Servimos, também, contribuintes bem passados, cozinhados em lume brando; devem ser mastigados lentamente e em pedacinhos, de modo a que a degustação seja prolongada, até que surjam novas e sucessivas fornadas de outros contribuintes, que serão, também, durante longo tempo, colocados em marinada de impostos, taxas e derramas, antes de serem consumidos."
..............................................................
xxx
Servimos, também, contribuintes bem passados, cozinhados em lume brando; devem ser mastigados lentamente e em pedacinhos, de modo a que a degustação seja prolongada, até que surjam novas e sucessivas fornadas de outros contribuintes, que serão, também, durante longo tempo, colocados em marinada de impostos, taxas e derramas, antes de serem consumidos."
9 de setembro de 2011
6 de setembro de 2011
ENTREVISTA
Ouvindo hoje o Ministro das Finanças em entrevista televisionada pode concluir-se:
- Que, para se ententer alguma coisa, melhor será consultar os Oráculos;
- No entanto, ficou entendido que Portugal está à venda. Melhor dizendo: vai estar à venda.
- Que, para se ententer alguma coisa, melhor será consultar os Oráculos;
- No entanto, ficou entendido que Portugal está à venda. Melhor dizendo: vai estar à venda.
5 de setembro de 2011
AVISO
Avisam-se os senhores consumidores de ar que, durante a próxima semana, o preço da "Unidade de Volume" de ar será acrescido de três cêntimos como consequência da subida das cotações do oxigénio nos mercados internacionais.
O Conselho de Administração
(assinaturas ilegíveis)
___________
NOTA DA REDACÇÃO
Esta é a vigésima segunda vez que o preço da "Unidade de Volume" é agravado desde a privatização da Companhia Respiradora, S.A., que ocorreu há cerca de um ano.
4 de setembro de 2011
INDE...PENDÊNCIA III
Ora,
se a pendência é, como disse (que disse), "insustentável",
logo,
a independência será sustentável.
Portanto:
Sustente-se!
3 de setembro de 2011
ORAÇÃO
Livrai-nos Senhor dos EXPERIENTES de experiência feita somente nos gabinetes de organizações internacionais ou na vida universitária.
(Hei, man!)
(Hei, man!)
2 de setembro de 2011
INDE... PENDÊNCIA II
O "plano de resgate" da República Portuguesa, previsto e contido no Memorando de Entendimento assinado com a assim denominada Troika, incluia ou não as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira (como parte integrante do Estado Português)?
Qual a razão que justifica o desejo agora manifestado pela R.A. da Madeira de negociar um outro documento "paralelo" com a Troika (embora passando por Lisboa)?
Procurará um reconhecimento tácito (e faseado) de independência (...) ou somente o habitual tratamento "personalizado", agora não só de Lisboa (embora via Lisboa)?
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