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31 de janeiro de 2018

A "DITADURA" DOS CICLISTAS



Os ciclistas passaram a ter:
- pistas próprias e exclusivas para se deslocarem e
- ruas com prioridade e com limitação de velocidade para veículos automóveis que nelas (também) circulem.

São aplicadas coimas a quem não respeite as regras dessas vias.
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Ora, se observarmos TODOS os movimentos ciclistas pela cidade, importa perguntar qual deverá ser a coima aplicada aos ciclistas que:
- circulem em passadeiras para peões (pedalando) ou que
- circulem nos passeios para peões (pedalando).

No caso de circulação ciclista em passeios para peões (pedalando), haverá agravamento da coima quando o ciclista circule a uma velocidade superior à aconselhada pelo bom senso, atendendo às crianças e aos idosos que utilizam esses passeios?

29 de janeiro de 2018

TRAGÉDIA COM LARANJA




A laranja (pensando): - Eu sou tão boa e ele não me quer comer.
Ele (pensando, também): - Que laranja tão boa. Tem que ser para sobremesa de um prato especial.

Era uma laranja grande, brilhante, túrgida, a cheirar intensamente a casca e a sumo.
Ele aguardava, aguardava o tal prato especial. E ia comendo outras laranjas.

A laranja, por raiva ou ciúme, como não podia partir por falta de meios de locomoção, decidiu suicidar-se ou, mais correctamente, apodrecer. E apodreceu.

(Não consta que ele tenha manifestado quaisquer sentimentos).

27 de janeiro de 2018

O TEMPO A ROUBAR TEMPO AO TEMPO



- Você sabe? Tem dias em que uma manhã ocupa o dia todo. Um homem enreda-se a fazer piqueninices, ocupa o tempo todo e chega o fim do dia e pergunta: O que é que eu fiz hoje?

- Pois. E no fim, é sempre "até amanhã, até amanhã". Quantos "até amanhã" a gente vai poder dizer mais, até nunca mais poder dizer "até amanhã"?

25 de janeiro de 2018

EXPORTAR, POIS!



- Ei boy, come on! Make love to me...
- No. You live here, in Portugal. Só faço amor para exportação.

23 de janeiro de 2018

DESPORTO (?)




Devemos agradecer aos treinadores de futebol o facto de, no final de cada jogo, nos explicarem o que se passou dentro de campo, porque se o não fizessem (apesar de termos visto todo o jogo) não entenderíamos absolutamente nada daquilo que vimos.

20 de janeiro de 2018

PARÁBOLA DA CASA DE BANHO



Ela tinha acabado de sair, mas as luzes iluminavam, ainda, a casa de banho. Ouviu-se o espelho falar:
- Vocês viram como a Senhora se mira e remira bem dentro de mim e se olha bem no meu interior, penteando-se, maquilhando-se, olhando o rosto tão cuidadosamente? Tudo, tudo através das profundezas do meu ser.

Logo que as luzes se apagaram e tudo se confundiu na escuridão, o sensor de abertura das luzes, com riso trocista, respondeu-lhe assim:
- E agora? Não seja eu a acender as luzes e as profundezas do teu ser e não passas de um vidro no escuro.
- E a luz do dia? Não há luz do dia?
- E à noite? O que seria de ti se eu não existisse?

Seguiu-se um pouco de silêncio. Depois, ouviu-se a voz da banheira:
- Mas sou eu e os meus associados que mantemos a Senhora perfumada, com cabelos brilhantes e sedosos.
- Pois, pois! Mas sou eu (eu!) que de entre todos vós, o que melhor lhe conhece as partes mais íntimas. (Pelo tom marialva, todos reconheceram o bidé).
Falou, então, o lençol de banho, com a inconfundível voz delico-doce:
- Ai! Não se esqueçam de mim, não se esqueçam de mim! Eu conheço-lhe o corpo todo... Todo.
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Quando a noite ia já longa, começou a ouvir-se um choro baixo, tão baixo quanto de onde ele vinha. E uma voz chorosa, quase inaudível:
- Todos me pisam, todos me pisam.
Noite dentro, ia repetindo:
- Todos me pisam. Sou de mármore rosa, de Carrara e ninguém dá por mim. E todos me pisam.

A sanita, que ouvira tudo (como habitualmente), apesar de estar em condomínio privado, com porta própria, acompanhada dos seus nuitos adereços, já cansada de o ouvir, berrou-lhe:
- CALA-TE! CALA-TE! A MIM TODOS ME CAGAM EM CIMA!

17 de janeiro de 2018

14 de janeiro de 2018

13 de janeiro de 2018

ASSIM, COMO SE FOSSE UM REGRESSO



OBSERVAR é tentar ver o dentro das coisas. As falas, os gestos, a linguagem do corpo, as presenças, as ausências, os tiques, o que é dito ou omitido, os sentimentos ou a (aparente) falta deles.
É tentar ver o visível e o que o não é, o que está implícito, que não é manifestado ou é ocultado.

ESCREVER é muitas vezes mais uma forma de enxotar angústias e outros estados de espírito mais ou menos negativos. Falando deles, tentando esvaziá-los. Usando a primeira pessoa do singular ou escondendo-se atrás da terceira. Estar só sem o sentimento de estar. Parecer estar alheado do mundo ou de querer afastá-lo, não o rejeitando. (Mas OBSERVANDO sempre OBSERVANDO).
Escrever sobre outros como reflexo de muitos outros (ou de si próprio). É falar com o papel (ou com outro registo) ideias, sentimentos, situações, ausências, semelhanças, esperanças, desespero, ódios e amores, desejos, fobias. É registar aquilo tantas vezes sentido ou pensado. E OBSERVADO.
É transmitir, tentar transmitir tudo isso (e mais), embora correndo o risco de não se estar a fazer nada de novo: estar somente repetindo, repetindo aquilo que foi já, tantas vezes, escrito. Mas com palavras diferentes.