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21 de fevereiro de 2018

4 de fevereiro de 2018

PARÁBOLA DOS DEDOS DAS MÃOS




Estavam os dedos das mãos em conversa animada, quando o indicador da mão direita, a propósito de coisa nenhuma, se empinou todo, apontou o polegar da mão esquerda e, depois, fazendo um esforço de contorcionista, apontou, também, o polegar da sua própria mão, disse:
- Se não fossem estes dois, nós tínhamos uma vida muito mais sossegada. Por causa deles é que nós trabalhamos tanto.
- Ora essa! - foi a reacção imediata do polegar direito.
- Pois! Vocês, os polegares, sem nós não servem para nada. Nada! Ficavam sem ocupação. E sozinhos também não fazem coisa nenhuma. Mas como vocês estão aí, obrigam os outros a fazer esforços.
- Sem nós o que é que vocês faziam? - insistiu o polegar direito.
- Pouco. Mas era mais que suficiente. Era um descanso. Eu, por mim, limitava-me a apontar. Aqui o meu vizinho do lado direito fazia aquelas coisas que talvez não sejam bonitas, mas aliviam muito; o outro a seguir segurava os anéis e o pequenino coçava os ouvidos. Era um descanso de vida.
- Então e nós, os polegares, não servimos para nada?
- Sozinhos, para nada. Só sabem fazer oposição e obrigar os outros a trabalhar. É demais!