I
O maior das ilhas da Madeira e Porto Santo ameaça declarar a independência...
II
... ou talvez não.
Ao que parece, já foi encontrada solução para o défice do défice e a solução, mais uma vez, passa pelo $ do Zé.
Nestes termos, o 'risco' de declaração de independência fica pendente. MAS...
III
... não esquecer que tem que ser encontrada uma solução para a sua ZONA FRANCA.
Francamente!
Talvez a solução passe pela criação de "zoninhas francas" nas Berlengas, Farilhões, etc.. (Ao que parace, os Açores não fazem questão de terem a sua ZONA FRANCA).
MAS...
IV
... que fará o maior da Madeira e Porto Santo, agora que o Ministro das Finanças disse CLARAMENTE que a situação da Madeira é:
- de CRISE
- INSUSTENTÁVEL,
SIM, QUE FARÁ???
V
Será que vai declarar a (in)dependência de Lisboa, passando a (in)depender (directamente) de Bruxelas?
Histórias curtas, pequenos comentários, pequenos poemas - meios de libertar "pressão", que passa a ser... "EX-PRESSÃO".
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31 de agosto de 2011
HOJE, 31
I
Hoje foi 'ouvisto' o que foi dito e redito ontem, anteontem, trasantontem, etc., etc..
Depois das férias acabadas, sempre e ainda com muitos 'futeboys', mais e mais será 'ouvisto'.
II
Ficou, entretanto e desde já, esclarecido:
a) Que o aumento da receita do Estado será efectuado (quase só) à custa do Zé IRS, também conhecido por Zé IVA.
b) Que a diminuição da despesa do Estado será efectuada à custa do mesmo Zé (também é conhecido por Zé Social).
III
E depois do Natal e Ano Novo, Zé? (Já não há férias. Mas os 'futeboys' continuam...).
30 de agosto de 2011
HOJE, 30, ASSIM FOI e AMANHÃ?
Falar e negar
fazer e desfazer
ir e não ir
argumentar com o nada que passou
e não cumprir.
E não disse nada, só... falou.
fazer e desfazer
ir e não ir
argumentar com o nada que passou
e não cumprir.
E não disse nada, só... falou.
29 de agosto de 2011
INVENTÁRIO
Olhando para trás
ainda se vê
aquele tempo de espera
e fome de viver.
A alma está vazia
das noites de insónia...
...morre-se aos poucos
da falta daqueles que ficaram.
27 de agosto de 2011
IMPOSTO OU FACULTATIVO?
- Que extraordinário imposto parece estar para vir!
Será um efectivo imposto ou imposto(r)mente imposto?
- A tentação (veremos) será (sobre)taxar, em sede de IRS, aqueles que estiverem no limiar da sobretaxa de 10%, aplicável a partir de Janº./2012, nos termos do Memo da Troika.
---- x ----
- Por outro lado, o PR sugeriu a reposição do sucessório sobre as grandes fortunas e sobre as doações.
Definitiva ou provisoriamente, Sr. PR?
Entretanto, o CDS (não confundir com Credit Default Swap), que foi, há alguns anos, o partido autor da proposta de lei que aboliu o sucessório, veio já declarar que não entende como é que a "morte" pode estar na origem de um imposto.
(Será tentativa de fazer humor negro?)
Será um efectivo imposto ou imposto(r)mente imposto?
- A tentação (veremos) será (sobre)taxar, em sede de IRS, aqueles que estiverem no limiar da sobretaxa de 10%, aplicável a partir de Janº./2012, nos termos do Memo da Troika.
---- x ----
- Por outro lado, o PR sugeriu a reposição do sucessório sobre as grandes fortunas e sobre as doações.
Definitiva ou provisoriamente, Sr. PR?
Entretanto, o CDS (não confundir com Credit Default Swap), que foi, há alguns anos, o partido autor da proposta de lei que aboliu o sucessório, veio já declarar que não entende como é que a "morte" pode estar na origem de um imposto.
(Será tentativa de fazer humor negro?)
24 de agosto de 2011
DEPOIS DO... FIM
Eram amigos desde crianças. Tinham a mesma idade com diferença de poucos meses. A relação entre eles não era fácil, apesar de, em público, ser exuberante. Completavam-se - responsabilidade e organização de um, temeridade e repentismo do outro.
Diacutiam muitas vezes, mas não conseguiam ficar zangados mais que algumas (poucas) horas. Um começava onde o outro acabava.
Assim foi, principalmente, durante a adolescência e enquanto jovens adultos. Acabaram, como era previsível, por ter rumos de vida diferentes, mas, apesar das ausências, a sensação de afastamento entre eles não se notava.
Sempre que houvesse festas, carnavais ou outras e os dois estivessem presentes, dinamizavam o convívio como se tudo tivesse sido planeado.
Apesar de não ser do conhecimento dos amigos comuns, o Joel vivia de ajudas financeiras do João, que não pagava, mas prometia sempre pagar e... com juros.
- João, hoje pagas tu. (Como se ele, Joel, alguma vez tivesse pago).
O João, por vezes, declarava-se farto, farto de tanta leviandade.
- Eh pá! Já vais quase nos quarenta e eu não sou teu pai.
- Joãozinho, eu não sou doutor. Olha, abona aí cinco contitos. No próximo mês fazemos contas. Prometo.
Quando o Joel soube que o João ia para os Estados Unidos por três ou quatro anos, ficou preocupado. Ia ficar "a descoberto" por muito tempo.
- João, vais sentir a minha falta.
Do outro lado da linha ouviu uma gargalhada e o som de desligar.
Meses e meses passaram. Houve alguns telefonemas. Espaçados. Depois um silêncio muito prolongado. O João não foi visto em Lisboa durante mais de dois anos. E... espanto! - nem para as festas de anos da Sara!
No meio do correio diário chegou uma carta do Joel, com endereço e remetente! Tudo escrito muito certinho. Estranho! - Lá vem este gajo finalmente pedir dinheiro.
Abriu o envelope. No meio de uma folha branca A4 estava manuscrito em letras maiúsculas: SAIBA V.Exª.QUE EU VOU MORRER. Sem assinatura.
- Palerma!
E atirou a folha de papel, amarrotada, para o cesto dos papéis.
Mais ou menos um mês depois recebeu um telefonema de um amigo comum informando-o que o Joel tinha falecido nessa madrugada.
Correu para o aeroporto, sem bagagem. Chegado a Lisboa, foi directo para o velório. Entrou na igreja sem cumprimentar nenhum dos presentes. Dirigiu-se para a urna, aberta, e ficou a olhar fixamente o rosto do amigo, como que hipnotizado.
Então, a outra parte do Joel, lá em cima, na Sétima Dimensão, observou a cena e rejubilou. O cadáver abriu os olhos, como que espantado fixando o João durante quatro ou cinco segundos, fechando-os de seguida. O João, como um boneco articulado, tentou dar um passo para trás e caiu desamparado. Correram a socorrê-lo. Uma senhora comentou:
- Foi um choque para ele. Eram tão amigos.
23 de agosto de 2011
CITAÇÃO XXVI
"O que deforma os homens não são tanto os grandes vícios, mas os pequenos defeitos. Pode-se conviver muito bem com a preguiça, a prodigalidade, o tabaco ou a luxúria, mas, em compensação, que pejudiciais são as negligências ou os pequenos descuidos.
Parece que a vida, à semelhança de certas sociedades, tolera os grandes crimes, mas castiga implacavelmente os erros. Um banqueiro pode muito bem roubar o fisco ou liderar um tráfico de armas, mas que Deus o livre de passar um sinal vermelho."
Julio Ramón Ribeyro
«PROSAS BÁRBARAS»
Edições Ahab -Porto
20 de agosto de 2011
RETRATO
Instalados na vida
esperando a morte
estão um homem e a sua barriga.
Tem o estômago vivo
mas as ideias já lhe morreram
tem um carro de modelo antigo
um chefe de quem tem medo
um filho que lhe rouba o sono
uma mulher camada Maria.
Tem esperança em Deus
que há-de voltar um dia.
18 de agosto de 2011
CITAÇÃO XXV
"...
À pressão global, exercida de cima para baixo sobre os governos nacionais, há que contrapor a pressão de baixo para cima, exercida pelos cidadãos através de formas de participação amplas e eficazes que incluam o voto mas não se reduzam a ele.
..."
Boaventura de Sousa Santos
«PORTUGAL
Ensaio Contra a Autoflagelação» - página 103
ALMEDINA
14 de agosto de 2011
SUGESTÕES AOS FMI/BCE/UE (aka TROIKA)
Porque, ao que vamos entendendo e à medida que o tempo passa, pelo menos um Partido não tinha/teve entendimento bastante de algumas das medidas que votou para serem implementadas neste país Portugal, apresenta-se, para melhor ENTENDIMENTO do "Memorando de Entendimento", as seguintes sugestões:
1 - Seja feita uma listagem das MEDIDAS incluidas no dito Memorando e, à frente de cada uma, seja identificado quem, que partido, organização ou estrutura nacional portuguesa sugeriu a sua inclusão, com referência expressa ao mês/ano em que teve lugar a inclusão dessa medida;
2 - Seja informado se alguma pessoa ou entidade atrás referida avançou com a ideia de entregar a governação do país Portugal a alguma entidade privada e, se afirmativo, quais os termos e condições principais, incluindo a "fee" de gestão que essa entidade se propunha receber pela referida governação.
12 de agosto de 2011
MELHOR SERIA AMEAÇAR MORRER
Pouco tempo depois de o casal recém-casado ter ido habitar o andar de cima, o Abreu e a mulher, que moravam no quarto esquerdo, decidiram passar a dormir no outro quarto, que fora do filho.
O quinto esquerdo estivera desabitado durante uma meia dúzia de anos, depois da morte da D. Ludovina.
Souberam da venda do andar de cima quando começaram as obras. Foi um sofrimento horrível. O barulho de berbequins, marteladas e outros durante mais de um mês e a qualquer hora. Para não falar do intenso cheiro a verniz que se instalou nas escadas e se introduziu por debaixo das portas durante quase uma semana.
No entanto, não foram essas as razões pelas quais os Abreu decidiram mudar a cama de casal para o antigo quarto do filho. Foi depois de o novo casal (recem-casado), do quinto esquerdo, se ter instalado. O casal Abreu e os restantes moradores do prédio agradeceram a Deus ter acabado a era do berbequim, do escopro e do martelo, quando viram chegar o carro de caixa fechada com o recheio a instalar na casa. Voltou, assim, o socego diurno a todo o prédio. Mas, para os Abreu, acabou o socego nocturno.
Acabada a novela televisiva, aí pelas onze horas, onze e um quarto da noite, o casal Abreu recolhia aos seus aposentos.
O marido Abreu tinha o sono muito leve. Passou a ser acordado por "ais" e queixumes a meio da noite, que continuavam em crescendo e se arrastavam por bastante tempo.
Da primeira vez acordou aflito. Olhou a mulher, que dormia. Ficou preocupado, com o coração aos pulos dentro do peito. Foi até à porta de entrada e os ais continuavam, embora menos audíveis.
- É alguém que se está a sentir mal - pensou.
Foi até à sala. Não se ouvia nada. Voltou à porta do quarto e já se ouviam, de novo. Abriu a porta da casa e foi até ao patamar da escada. Nada. Voltou ao quarto. A mulher dormia. Os ais iam agora aumentando de intensidade e subiram tanto, que percebeu, perfeitamente, que era uma mulher que se queixava e que os "ais" vinham do andar de cima. E, de repente, ouviu-se perfeitamente uma voz de mulher: - Ai que eu morro! Ai que eu morro!
A mulher do Abreu acordou assustada. Acendeu a luz e viu o homem, em pé, aos pés da cama, com o cabelo desgrenhado e em tronco nu.
- Que foi? Que é? Estás mal disposto?
Em cima o drama continuava: Ai...ai...ai que eu morro!!!
Os queixumes acabaram de repente com um ai mais grave e gutural.
Foi, portanto, esta a razão continuada e quase diária que causou a mudança dos Abreu para o antigo quarto do filho, embora a cama-de-casal ficasse muito apertada e só houvesse espaço para uma mesa de cabeceira. Ora, isto causava muito transtorno à D. Ermelinda Abreu, porque não tinha onde colocar o copo coma dentadura.
A mudança não foi imediata. Tomou seu tempo. É que, em princípio só se ouviam ameaças de morrer aí pela meia-noite, meia-noite e meia, mas, depois, as ameaças surgiam, também, pelas três, quatro horas da manhã. E as ameaças eram de tal ordem, que o marido Abreu, um dia, ensonado e furibundo, berrou para cima: - Morra depressa, que eu quero dormir!
Mas, não se pense que o sofrimento do casal Abreu acabou com a mudança de quarto. O relativo socego durou, mais ou menos, uns quatro anos. Não, não foi com o simples facto de ter nascido um bébé no andar de cima. O choro da criança, mesmo durante a noite, até lhes era agradável. Lembrava-lhes o filho ou o desejo de netos, que nunca mais vinham.
É claro que também os incomodava os sons do aparelho de televisão na sala, em cima, paredes-meias com o quarto onde dormiam. Mas eram toleráveis. Também os ruídos causados pelos brinquedos da criança, manhã cedo, no chão do quarto de cima, não os incomodava, porque a essa hora já estavam despertos.
O incómodo, agora, acontecia, sempre que o pai da criança chegava tarde a casa. A mãe ficava na sala vendo televisão pela noite dentro. A criança também não dormia e, no quarto, deitada na cama, cantarolava:
- Atirei c'o pau ao gato...
Até este momento os Abreu quase nada ouviam, mas logo a seguir:
- CALA-TE, JOÃOZINHO !!! - berrava a mãe, acentuando o agudo do "i", como nos tempos em que ameaçava morrer.
- ...não moleu, eu, eu...
- JOÃOZINHO!!!
- Miau!
- JOÃOZINHO!! ESTÁS A INCOMODAR OS VIZINHOS!
O Abreu, desesperado, sentado na cama, dizia baixinho, para não acordar a mulher:
- Porque é que esta gaja não deixa o miúdo cantar e vai morrer para o quarto dela?
11 de agosto de 2011
CITAÇÃO XXIV
"(À beira do princípio)
À beira do princípio, do precipício,
o Anjo do Conhecimento cega
para poder ver o início
da sua queda caótica.
Aquilo que o Visionário vê é o que
o vê a ele do alto do Futuro
para onde cai com o conhecimento obscuro de
saber que está no sítio para onde vai.
(O que regressa ao sítio de onde nunca saiu
é o mesmo que nunca lá esteve,
o que sobe a escada e transpõe a porta
que dá para toda a parte)."
Manuel António Pina
«POESIA, SAUDADE DA PROSA»
Assírio & Alvim
9 de agosto de 2011
CITAÇÃO XXIII
"SEM FRASES DE DESÂNIMO
Sem frases de desânimo
nem complicações de alma,
que o teu corpo agora fale,
presente e seguro do que vale.
Pedra em que a vida se alicerça,
argamassa e nervo,
pega-lhe como um senhor
e nunca como um servo."
João José Cochofel
«BREVE»
Edit. Caminho
7 de agosto de 2011
MUDAM-SE OS TEMPOS...
"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança,
todo o mundo é composto de mudança
tomando sempre novas qualidades.
Cotinuamente vemos novidades
diferentes em tudo da esperança
(...)"
CAMÕES
--------
As coisas vêm mudando muito a Oriente.
E como estão mudando a Ocidente!
- Para quando a implosão da China?
muda-se o ser, muda-se a confiança,
todo o mundo é composto de mudança
tomando sempre novas qualidades.
Cotinuamente vemos novidades
diferentes em tudo da esperança
(...)"
CAMÕES
--------
As coisas vêm mudando muito a Oriente.
E como estão mudando a Ocidente!
- Para quando a implosão da China?
5 de agosto de 2011
CIDADE GRANDE
A Cidade Grande é um arquipélago formado por ilhas de solidão.
(Pois sim, mas naquela ilha do norte - que não era de solidão - morreram quase cem, de "morte matada", sem culpas nem razão).
(Pois sim, mas naquela ilha do norte - que não era de solidão - morreram quase cem, de "morte matada", sem culpas nem razão).
CITAÇÃO XXII (As decisões a tomar)
"(...)
A aceleração do momento faz-nos esquecer que as decisões urgentes dificilmente são grandes decisões. Discutimos o projecto da casa ou apenas a cor dos azulejos da cozinha? Estamos a assistir a uma destruição ou a uma construção? E discutimos com quem? Com bombeiros ou com construtores civis? Discutimos entre nós e com outros ou discutimos entre nós enquanto outros discutem sobre nós? Discutimos entre nós a cor dos azulejos enquanto outros discutem o projecto da nossa casa? E a casa será habitável?
(...)"
Boaventura de Sousa Santos
«PORTUGAL
Ensaio contra a autoflagelação»
(Prefácio)
ALMEDINA - Coimbra
Maio de 2011
A aceleração do momento faz-nos esquecer que as decisões urgentes dificilmente são grandes decisões. Discutimos o projecto da casa ou apenas a cor dos azulejos da cozinha? Estamos a assistir a uma destruição ou a uma construção? E discutimos com quem? Com bombeiros ou com construtores civis? Discutimos entre nós e com outros ou discutimos entre nós enquanto outros discutem sobre nós? Discutimos entre nós a cor dos azulejos enquanto outros discutem o projecto da nossa casa? E a casa será habitável?
(...)"
Boaventura de Sousa Santos
«PORTUGAL
Ensaio contra a autoflagelação»
(Prefácio)
ALMEDINA - Coimbra
Maio de 2011
3 de agosto de 2011
ECONOMIA
A eco...no...mia? Não mia?! Mia, mia... e faz miar muito!!!
(Basta estarmos um pouco atentos e ouviremos os variadíssimos "miaus" - nacionais, europeus e intercontinentais).
(Basta estarmos um pouco atentos e ouviremos os variadíssimos "miaus" - nacionais, europeus e intercontinentais).
AMOR À PRIMEIRA... TRAVAGEM
Ele seguia sentado, ocupando um lugar do Metro, com as costas no sentido do movimento. Olhar vago, pensando em tudo e em nada.
Entrou uma jovem e sentou-se no único lugar vago, mesmo à sua frente. Fixou-a. Tentou ser discreto, mas não conseguiu. Apreciou-lhe as orelhas, os lábios, o traço do nariz, mas, principalmente, o pescoço.
O cabelo puxado para a nuca permitia ver o desenho do pescoço desde a parte posterior das orelhas, seguindo rosado, fino, firme, enxuto, alargando-se suavemente quando alcançava os ombros.
Quando desviou o olhar pareceu-lhe que ela o observou, interrogativa. Fixou-a de novo. Ela, de cabeça bem levantada, pescoço (sempre o pescoço!) nervoso e firme, olhava no sentido da janela. Pareceu-lhe que o observava pelo reflexo do vidro da janela.
Num repente o comboio travou violentamente e ela foi projectada na direcção dele, tentando amparar-se nas madeiras da janela. Ele soergueu-se e ela caiu-lhe nos braços, com as mãos contra o seu peito. Já em pé, continuou a abraça-la e a beijar-lhe suavemente o pescoço.
O comboio retomou a marcha lentamente, atingindo a velocidade habitual, mas eles continuaram em pé, abraçados, até à estação seguinte.
Sairam de mão dada.
O amor pode acontecer na primeira travagem.
Entrou uma jovem e sentou-se no único lugar vago, mesmo à sua frente. Fixou-a. Tentou ser discreto, mas não conseguiu. Apreciou-lhe as orelhas, os lábios, o traço do nariz, mas, principalmente, o pescoço.
O cabelo puxado para a nuca permitia ver o desenho do pescoço desde a parte posterior das orelhas, seguindo rosado, fino, firme, enxuto, alargando-se suavemente quando alcançava os ombros.
Quando desviou o olhar pareceu-lhe que ela o observou, interrogativa. Fixou-a de novo. Ela, de cabeça bem levantada, pescoço (sempre o pescoço!) nervoso e firme, olhava no sentido da janela. Pareceu-lhe que o observava pelo reflexo do vidro da janela.
Num repente o comboio travou violentamente e ela foi projectada na direcção dele, tentando amparar-se nas madeiras da janela. Ele soergueu-se e ela caiu-lhe nos braços, com as mãos contra o seu peito. Já em pé, continuou a abraça-la e a beijar-lhe suavemente o pescoço.
O comboio retomou a marcha lentamente, atingindo a velocidade habitual, mas eles continuaram em pé, abraçados, até à estação seguinte.
Sairam de mão dada.
O amor pode acontecer na primeira travagem.
1 de agosto de 2011
REVELAÇÃO
É nestes momentos
que damos conta
como a cidade é grande
como há nela espaço para loucura
de solidão e noite
de raiva e agressão
em recalcadas ternuras.
É nestes momentos
que damos conta
como a cidade é grande
negra e nocturna
diversa e densa
diversa e tensa.
que damos conta
como a cidade é grande
como há nela espaço para loucura
de solidão e noite
de raiva e agressão
em recalcadas ternuras.
É nestes momentos
que damos conta
como a cidade é grande
negra e nocturna
diversa e densa
diversa e tensa.
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