Teria quase noventa anos.
Morreu, mas, antes de morrer, já há muito tinha "morrido", excepto no prazer de fumar. Não incomodava, não exigia, não pedia, não... estava. Arrastava-se lentamente pela casa, amparado aos móveis e às paredes.
Sentava-se à mesa mais para fazer prova de estar vivo do que para comer ou beber. Comia pouco, muito pouco.
O mais do tempo passava-o sentado. Deitado, não. Odiava a cama. Só à noite para tentar dormir. Tentar...
Gostava de estar à janela, encostado ao peitoril. Não pela vista da rua ou das pessoas. Era pelo prazer de fumar, apesar da bronquite asmática que lhe dificultava a respiração e causava tosse. Tossia muito.
Fumava assim, "clandestinamente", contrariando as recomendações médicas e às escondidas da família, que era, afinal, conhecedora. Tinham, também, conhecimento que a compra dos cigarros era feita pela empregada doméstica. Fumava cigarro após cigarro, apagando as "beatas" contra guardanapos de papel humedecidos, que, depois, lançava, discretamente, na sanita.
Apagou-se...
Nunca mais o viram à janela e a casa nunca mais ouviu a sua tosse.
Histórias curtas, pequenos comentários, pequenos poemas - meios de libertar "pressão", que passa a ser... "EX-PRESSÃO".
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30 de junho de 2011
28 de junho de 2011
ESTADO (ou CONDIÇÃO?)
- Qual o estado dos secretários?
- Estão empossados.
- Sim. E...?
- ...portanto, já são Secretários de... Estado.
- Estão empossados.
- Sim. E...?
- ...portanto, já são Secretários de... Estado.
26 de junho de 2011
A AGENDA
Os computadores e outros "seres" afins lançaram sobre a AGENDA (de bolso e de secretária) quase uma sentença de morte.
Embora alguns não se submetessem à sua tirania, a Agenda (livro) comandava, de forma única, a vida dos homens, marcando-lhes o compasso, martelando-lhes as cabeças, hora a hora, dia a dia, semana a semana, mês a mês. Era o livro dos livros. Era a ditadora que impunha o ritmo, o andamento de cada vida.
Ao comprá-la julgava-se passar a ser seu proprietário, mas, pelo contrário, o acto de a comprar, implicava uma submissão às notas que o próprio (ou outrem, a seu mandado) nela escreveria.
Por outro lado, era, também, desculpa para evitar impertinentes e inoportunos: "- Não sei. Tenho que ver a Agenda." Esta desculpa agora não funciona, porque a "agenda" está sempre à mão, disponível para consulta. (E é bem feito!)
Nestes tempos a "agenda" quase nunca é livro - passou a existir em "ambiente" de telefones móveis e afins, computadores, etc., mas esse "espaço" roubou o nome à Agenda tradicional, o que não se compreende. Ou é ou não é.
Mas a Agenda não morreu. Sobreviveu às "novas tecnologias", ela que nem sequer é uma "velha tecnologia"...só um conjunto de folhas encadernadas de forma mais ou menos sofisticada.
Embora alguns não se submetessem à sua tirania, a Agenda (livro) comandava, de forma única, a vida dos homens, marcando-lhes o compasso, martelando-lhes as cabeças, hora a hora, dia a dia, semana a semana, mês a mês. Era o livro dos livros. Era a ditadora que impunha o ritmo, o andamento de cada vida.
Ao comprá-la julgava-se passar a ser seu proprietário, mas, pelo contrário, o acto de a comprar, implicava uma submissão às notas que o próprio (ou outrem, a seu mandado) nela escreveria.
Por outro lado, era, também, desculpa para evitar impertinentes e inoportunos: "- Não sei. Tenho que ver a Agenda." Esta desculpa agora não funciona, porque a "agenda" está sempre à mão, disponível para consulta. (E é bem feito!)
Nestes tempos a "agenda" quase nunca é livro - passou a existir em "ambiente" de telefones móveis e afins, computadores, etc., mas esse "espaço" roubou o nome à Agenda tradicional, o que não se compreende. Ou é ou não é.
Mas a Agenda não morreu. Sobreviveu às "novas tecnologias", ela que nem sequer é uma "velha tecnologia"...só um conjunto de folhas encadernadas de forma mais ou menos sofisticada.
21 de junho de 2011
QUE ASSUNÇÃO !!
Concretizou-se a ASSUNÇÃO que ESTEVE na mente de ASSUNÇÃO ESTEVES em assumir o cargo de Presidente da Assembleia da República.
ASSUNÇÃO confirmada de forma (quase) arrasadora!
ASSUNÇÃO confirmada de forma (quase) arrasadora!
19 de junho de 2011
UMA ESTRADA DENTRO DE CASA?
Ao chegar a casa entrou no quarto e viu que tinham construido uma estrada que lhe passava mesmo por baixo da cama.
A estrada entrava entre os pés da cama e saía, mais ou menos a meio, do lado direito... para quem esteja deitado de costas.
Para poder sair da cama, se não tomasse os devidos cuidados, cortaria o tráfego nas duas vias. Claro que tinha possibilidade de colocar um só pé no chão e, à custa de voltas e contorcionismos, amparando-se na cabeceira, podia colocar o outro pé para além da outra berma da estrada. Mesmo assim podia afectar o normal fluir do tráfego. Concluiu que a melhor solução seria pular de cima da cama para a berma da estrada do outro lado.
Assim estava pensando, acabado de chegar de uma viagem de férias no estrangeiro, sentado numa cadeira junto à cama, ainda com a mala a seu lado.
Mas que ideia tão estúpida construirem uma estrada dentro de uma casa de habitação, invadindo propriedade privada, sem expropriação prévia e... passando por baixo da cama de um cidadão!
Abriu a janela para verificar se havia alguma ponte, viaduto, estrutura superior para acesso ao terceiro andar. Nada. A estrada tinha sido construida pelo interior da própria parede, rompendo o rodapé, atravessando o quarto e saindo por rodapé oposto, onde tinha sido aberto um túnel. Baixou-se e espreitou pelo túnel. Estava escuro. Nada se via, mas as viaturas circulavam.
- Passará para a casa do vizinho através da parede comum? - pensou. E se batesse à porta do vizinho e perguntasse? E se não há estrada na casa do vizinho? Vai pensar que estou maluco e fecha-me a porta na cara. E se telefonasse para a Câmara, perguntando quem licenciou a obra?
Nossa Senhora! Ele que tinha vendido o outro andar, herdado dos pais, por causado barulho da vizinhança e, agora, uma estrada em casa! Bem, vendo bem, fora melhor assim do que terem arrasado o prédio na sua ausência.
Colocou-se de cócoras para ver passar o tráfego, adivinhando, dentro das viaturas, as cabeças dos condutores. Estranho, muito estranho, só havia condutores, não transportavam mais ninguém. Só os condutores...
Sentia-se impotente para encontrar uma solução. Deveria haver maneira de convencer alguém, com poderes, para desviar a estrada. Se podia vir de dentro de uma parede e, depois, voltar para dentro de outra parede, podia ser corrigida, por exemplo, continuando sempre dentro das paredes. Além disso não se ouviria o ruído dos motores. Então o túvel podia ser tapado, por inútil. E inestético.
Estava assim a pensar, quando lhe ocorreu que podia telefonar para o administrador do condomínio. Devia-lhe uma explicação. Que estupidez! Era a primeira coisa que devia ter feito.
- Estará em casa a esta hora?
Puxou do telefone na cabeceira. Marcou o número.
- Bom dia, sr. Cosme. Daqui fala o vizinho do terceiro esquerdo. Suponho que estará ao corrente da construção de uma estrada que atravessa o chão do meu quarto...
(Pausa).
- Sim. Por baixo da cama e...
(Pausa com irritação).
- Quem?! O quê?! Para arranjar o telhado? Podiam ter ido pelo quarto andar. Eu autorizei?... Por escrito?... Eu vou já aí falar consigo.
Poisou o telefone, irritado, mas, em vez disso, deu um murro na mesa de cabeceira com a mão entreaberta. ACORDOU e ficou deitado de costas, a afagar a mão dorida.
Acendeu a luz e olhou o despertador - quatro horas. Virou-se de lado e observou o carreiro de formigas que continuava a surgir de debaixo da cama, deixando uma leve sombra negra em movimento, a caminho do rodapé.
Apagou a luz e ficou a meditar no sonho, a analisar os pormenores e sorriu. Passou tempo, passou e... não tendo a noção exacta de quanto tempo teria passado, pareceu-lhe que o telefone tinha tocado. Deixou de tocar. Pouco depois voltou a tocar. Quando ia atender, parou de tocar. Voltou a tocar. Atendeu.
- Estou.
Estranhamente, o telefone continuava a tocar. Passou o telefone para a mão esquerda, mas deixou-o cair em cima da cama. Agarrou-o novamente com a mão direita.
- Estou.
- Bom dia.
- Bom dia.
- Sr. António Filomeno?
- Sim, faz favor.
- Daqui é da Sociedadede de Advogados Barrando & Costa. Um momento. Vou passar ao Sr. Dr. Barrando.
- Está lá?
- Sim.
- Sr. Filomeno?
- Sim.
- Daqui é Jorge Barrando. Calculei que já tivesse regressado de férias. É para lhe dar conta das diligências que efectuámos junto do Ministério dos Transportes e Comunicações àcerca da estrada que construiram passando pela sua casa.
- Hum...?
- Sr. Filomeno, apesar de todo o empenho que colocámos neste assunto, não conseguimos obter uma solução tão rápida quanto seria desejável e a tempo do seu regresso de férias. Tenho, no entanto, a indicação de que o assunto foi já transferido para os Serviços de Urbanismo e Transportes da Câmara Municipal, que, ainda hoje, irão a sua casa fazer uma vistoria.
- Hum...?
- Peço desculpa, mas era o único dia que tinham disponível. Calculo que esteja cansado, mas não nos foi possível outra data.
- Hum...
- Esteja, portanto, atento, Sr. Filomeno e contacte-me depois ou quando entender necessário.
- Hum...
- Fico a aguardar a sua visita para apreciarmos a evolução do assunto. Bom dia.
Bom di...
Acordou assustado com a campainha-besouro da porta de casa, soando de forma contínua e irritante. Saltou da cama e, ao calçar os chinelos, esmagou dezenas de formigas. Tentava vestir roupão enquanto caminhava para a porta, tonto de sono. Tinha já formigas dentro dos chinelos que, subindo, subindo, lhe faziam cócegas nas pernas.
- Deve ser o pessoal da Câmara...
Abriu a porta e, espantado, viu o amigo Tito aos berros:
- Eu, lá em baixo, à espera, à espera...Não atendes os toques da porta da rua. Tens o telemóvel desligado e o fixo está impedido. Ainda vamos perder o avião! Dá cá a mala e os documentos, que eu vou andando. Despacha-te e chama um táxi.
A estrada entrava entre os pés da cama e saía, mais ou menos a meio, do lado direito... para quem esteja deitado de costas.
Para poder sair da cama, se não tomasse os devidos cuidados, cortaria o tráfego nas duas vias. Claro que tinha possibilidade de colocar um só pé no chão e, à custa de voltas e contorcionismos, amparando-se na cabeceira, podia colocar o outro pé para além da outra berma da estrada. Mesmo assim podia afectar o normal fluir do tráfego. Concluiu que a melhor solução seria pular de cima da cama para a berma da estrada do outro lado.
Assim estava pensando, acabado de chegar de uma viagem de férias no estrangeiro, sentado numa cadeira junto à cama, ainda com a mala a seu lado.
Mas que ideia tão estúpida construirem uma estrada dentro de uma casa de habitação, invadindo propriedade privada, sem expropriação prévia e... passando por baixo da cama de um cidadão!
Abriu a janela para verificar se havia alguma ponte, viaduto, estrutura superior para acesso ao terceiro andar. Nada. A estrada tinha sido construida pelo interior da própria parede, rompendo o rodapé, atravessando o quarto e saindo por rodapé oposto, onde tinha sido aberto um túnel. Baixou-se e espreitou pelo túnel. Estava escuro. Nada se via, mas as viaturas circulavam.
- Passará para a casa do vizinho através da parede comum? - pensou. E se batesse à porta do vizinho e perguntasse? E se não há estrada na casa do vizinho? Vai pensar que estou maluco e fecha-me a porta na cara. E se telefonasse para a Câmara, perguntando quem licenciou a obra?
Nossa Senhora! Ele que tinha vendido o outro andar, herdado dos pais, por causado barulho da vizinhança e, agora, uma estrada em casa! Bem, vendo bem, fora melhor assim do que terem arrasado o prédio na sua ausência.
Colocou-se de cócoras para ver passar o tráfego, adivinhando, dentro das viaturas, as cabeças dos condutores. Estranho, muito estranho, só havia condutores, não transportavam mais ninguém. Só os condutores...
Sentia-se impotente para encontrar uma solução. Deveria haver maneira de convencer alguém, com poderes, para desviar a estrada. Se podia vir de dentro de uma parede e, depois, voltar para dentro de outra parede, podia ser corrigida, por exemplo, continuando sempre dentro das paredes. Além disso não se ouviria o ruído dos motores. Então o túvel podia ser tapado, por inútil. E inestético.
Estava assim a pensar, quando lhe ocorreu que podia telefonar para o administrador do condomínio. Devia-lhe uma explicação. Que estupidez! Era a primeira coisa que devia ter feito.
- Estará em casa a esta hora?
Puxou do telefone na cabeceira. Marcou o número.
- Bom dia, sr. Cosme. Daqui fala o vizinho do terceiro esquerdo. Suponho que estará ao corrente da construção de uma estrada que atravessa o chão do meu quarto...
(Pausa).
- Sim. Por baixo da cama e...
(Pausa com irritação).
- Quem?! O quê?! Para arranjar o telhado? Podiam ter ido pelo quarto andar. Eu autorizei?... Por escrito?... Eu vou já aí falar consigo.
Poisou o telefone, irritado, mas, em vez disso, deu um murro na mesa de cabeceira com a mão entreaberta. ACORDOU e ficou deitado de costas, a afagar a mão dorida.
Acendeu a luz e olhou o despertador - quatro horas. Virou-se de lado e observou o carreiro de formigas que continuava a surgir de debaixo da cama, deixando uma leve sombra negra em movimento, a caminho do rodapé.
Apagou a luz e ficou a meditar no sonho, a analisar os pormenores e sorriu. Passou tempo, passou e... não tendo a noção exacta de quanto tempo teria passado, pareceu-lhe que o telefone tinha tocado. Deixou de tocar. Pouco depois voltou a tocar. Quando ia atender, parou de tocar. Voltou a tocar. Atendeu.
- Estou.
Estranhamente, o telefone continuava a tocar. Passou o telefone para a mão esquerda, mas deixou-o cair em cima da cama. Agarrou-o novamente com a mão direita.
- Estou.
- Bom dia.
- Bom dia.
- Sr. António Filomeno?
- Sim, faz favor.
- Daqui é da Sociedadede de Advogados Barrando & Costa. Um momento. Vou passar ao Sr. Dr. Barrando.
- Está lá?
- Sim.
- Sr. Filomeno?
- Sim.
- Daqui é Jorge Barrando. Calculei que já tivesse regressado de férias. É para lhe dar conta das diligências que efectuámos junto do Ministério dos Transportes e Comunicações àcerca da estrada que construiram passando pela sua casa.
- Hum...?
- Sr. Filomeno, apesar de todo o empenho que colocámos neste assunto, não conseguimos obter uma solução tão rápida quanto seria desejável e a tempo do seu regresso de férias. Tenho, no entanto, a indicação de que o assunto foi já transferido para os Serviços de Urbanismo e Transportes da Câmara Municipal, que, ainda hoje, irão a sua casa fazer uma vistoria.
- Hum...?
- Peço desculpa, mas era o único dia que tinham disponível. Calculo que esteja cansado, mas não nos foi possível outra data.
- Hum...
- Esteja, portanto, atento, Sr. Filomeno e contacte-me depois ou quando entender necessário.
- Hum...
- Fico a aguardar a sua visita para apreciarmos a evolução do assunto. Bom dia.
Bom di...
Acordou assustado com a campainha-besouro da porta de casa, soando de forma contínua e irritante. Saltou da cama e, ao calçar os chinelos, esmagou dezenas de formigas. Tentava vestir roupão enquanto caminhava para a porta, tonto de sono. Tinha já formigas dentro dos chinelos que, subindo, subindo, lhe faziam cócegas nas pernas.
- Deve ser o pessoal da Câmara...
Abriu a porta e, espantado, viu o amigo Tito aos berros:
- Eu, lá em baixo, à espera, à espera...Não atendes os toques da porta da rua. Tens o telemóvel desligado e o fixo está impedido. Ainda vamos perder o avião! Dá cá a mala e os documentos, que eu vou andando. Despacha-te e chama um táxi.
17 de junho de 2011
VISÃO
Está a Cidade cheia de Moscas.
De vários tamanhos, feitios e cores.
Não se consegue ver o Horizonte.
De vários tamanhos, feitios e cores.
Não se consegue ver o Horizonte.
16 de junho de 2011
PARAÍSO PERDIDO
"(...)
Foi então que ele me disse (entrecortando as palavras com o tique de soprar para dentro da mão direita fechada):
Quando eu era criança ia, em grupo, pelos campos até não aguentar mais das pernas. Então os mais velhos levavam-me às cavalitas.
Comiamos fruta roubada das árvores, bebiamos água dos ribeiros, nadávamos e só regressavamos a casa quando anoitecia.
Sabia o nome de todos os pássaros, o nome dos insectos, das árvores, dos arbustos, das ervas e das flores.
Ouvi dizer que na cidade era tudo muito bonito e se compravam coisas muito boas. Afinal fiquei entalado entre as paredes de uma rua, correndo sempre o risco de ser atropelado.
Agora sou um desgraçado, já não tenho liberdade.
(...)"
Foi então que ele me disse (entrecortando as palavras com o tique de soprar para dentro da mão direita fechada):
Quando eu era criança ia, em grupo, pelos campos até não aguentar mais das pernas. Então os mais velhos levavam-me às cavalitas.
Comiamos fruta roubada das árvores, bebiamos água dos ribeiros, nadávamos e só regressavamos a casa quando anoitecia.
Sabia o nome de todos os pássaros, o nome dos insectos, das árvores, dos arbustos, das ervas e das flores.
Ouvi dizer que na cidade era tudo muito bonito e se compravam coisas muito boas. Afinal fiquei entalado entre as paredes de uma rua, correndo sempre o risco de ser atropelado.
Agora sou um desgraçado, já não tenho liberdade.
(...)"
15 de junho de 2011
CITAÇÃO XVII
" 20
Habituados à cidade, ignoramos, como homens desta época, todas as formas da Natureza. Somos incapazes de reconhecer uma árvore, uma planta, uma flor. Os nossos avós, por mais pobres que fossem, tinham sempre um jardim ou uma horta, e aprendiam sem esforço os nomes da vegetação. Agora, em repartições ou hotéis, não vemos senão flores pintadas, naturezas mortas ou essas raquíticas plantas de vaso que parecem ter sido semeadas por cabeleireiros."
Julio Ramón Ribeyro
«Prosas Apátridas»
Edições Ahab/Porto
Habituados à cidade, ignoramos, como homens desta época, todas as formas da Natureza. Somos incapazes de reconhecer uma árvore, uma planta, uma flor. Os nossos avós, por mais pobres que fossem, tinham sempre um jardim ou uma horta, e aprendiam sem esforço os nomes da vegetação. Agora, em repartições ou hotéis, não vemos senão flores pintadas, naturezas mortas ou essas raquíticas plantas de vaso que parecem ter sido semeadas por cabeleireiros."
Julio Ramón Ribeyro
«Prosas Apátridas»
Edições Ahab/Porto
13 de junho de 2011
QUANDO O MAR ?
O rio corre
para cá
depois para lá
de novo para aqui.
Desempregado de si
sem água nem barcos
não corre não passa
como um rio.
Há gaivotas que passam
em voos diversos
sobre o rio que corre
(amarrado às margens).
Mas, quando o mar ?
para cá
depois para lá
de novo para aqui.
Desempregado de si
sem água nem barcos
não corre não passa
como um rio.
Há gaivotas que passam
em voos diversos
sobre o rio que corre
(amarrado às margens).
Mas, quando o mar ?
11 de junho de 2011
CITAÇÃO XVI
" Contudo é mais fácil rasgar cortinas de ferro do que de incenso. O ferro enferruja e perde coesão e o incenso continua a pairar no ar, mesmo depois de queimado."
Horácio Neto Fernandes
«A construção e a desconstrução de um padre»
Papiro Editora
Horácio Neto Fernandes
«A construção e a desconstrução de um padre»
Papiro Editora
8 de junho de 2011
PRESENTE (apenas) INDICATIVO
Eu governo(-me)
Tu governas(-te)
Ele governa(-se)
Nós governamo(s)(-nos)
Vós governais(-vos)
Eles governam...
...as suas coisinhas...
Tu governas(-te)
Ele governa(-se)
Nós governamo(s)(-nos)
Vós governais(-vos)
Eles governam...
...as suas coisinhas...
6 de junho de 2011
ELEIÇÕES / RESULTADOS
Houve 1 terramoto !!
Haverá 1 governo de 2,
sujeito a 3.
Soma 7. Bonito número...
Haverá 1 governo de 2,
sujeito a 3.
Soma 7. Bonito número...
4 de junho de 2011
ELEIÇÕES
Amanhã é dia de eleições para a Assembleia da República.
Vou passar o dia de hoje sentado em frente ao espelho a reflectir(-me)... que... "a coisa aqui está preta".
Vou passar o dia de hoje sentado em frente ao espelho a reflectir(-me)... que... "a coisa aqui está preta".
3 de junho de 2011
FÉRIAS
-Gosto muito desta música.
-Que "giro"! É "giríssimo". Olha, minha querida, isto faz-me lembrar as férias do ano passado. Tinha assim um anfiteatro como este aqui, mas mais velho, muito mais velho. "Velhérrimo". Estava calor, um calor de fim de tarde, que não queiras saber! Estava-se muito bem. A música baixinho... baixinho. E pessoas, muitas pessoas. "Giríssimo"! Havia umas senhoras com leques...
-E foi onde?
-Olha, querida, nem eu sei bem. Ou, quer dizer, sei, talvez saiba ou, pelo menos, o Paulo sabe. Foi ele que reservou hotel, comprou bilhetes de avião, visitas, passeios... tudo. Tu sabes como ele é organizado. Mas, como te dizia, estava quentíssimo, mas muito agradável. E, nesse fim de tarde... desse dia, ai, querida, nem te digo! Ainda fiz umas fotografias ao anfiteatro, mas, como tu sabes, eu sou uma "tótó" com tudo o que são máquinas. Não estão grande coisa.
-Mas não te lembras onde foste?
-Ai filha, que "chata"! Sei lá! Olha, toda a gente falava inglês. Até o guia. Ah! espera aí, lembro-me que era uma ilha. Mas era uma ilha grande. Devia ser grande, porque não se via o mar à volta. O hotel era à beira-mar. Tu sabes como o Paulo adora o mar. E, de tantas voltas e visitas pela ilha, nunca vi o mar do outro lado. Portanto, era uma ilha muito grande.
-E tu não te preocupaste em saber o nome da ilha?
-Que "chata"!! Que interesse tem isso? As férias foram extraordinárias e do que me lembro com mais gosto é do fim de tarde nesse anfiteatro, do calorzinho e da música.
-Do nome da ilha não?
-Que "chata" que tu estás!! Ah! e o hotel! Era extraordinário!! Se quiseres saber mais fala com o Paulo.
-Que "giro"! É "giríssimo". Olha, minha querida, isto faz-me lembrar as férias do ano passado. Tinha assim um anfiteatro como este aqui, mas mais velho, muito mais velho. "Velhérrimo". Estava calor, um calor de fim de tarde, que não queiras saber! Estava-se muito bem. A música baixinho... baixinho. E pessoas, muitas pessoas. "Giríssimo"! Havia umas senhoras com leques...
-E foi onde?
-Olha, querida, nem eu sei bem. Ou, quer dizer, sei, talvez saiba ou, pelo menos, o Paulo sabe. Foi ele que reservou hotel, comprou bilhetes de avião, visitas, passeios... tudo. Tu sabes como ele é organizado. Mas, como te dizia, estava quentíssimo, mas muito agradável. E, nesse fim de tarde... desse dia, ai, querida, nem te digo! Ainda fiz umas fotografias ao anfiteatro, mas, como tu sabes, eu sou uma "tótó" com tudo o que são máquinas. Não estão grande coisa.
-Mas não te lembras onde foste?
-Ai filha, que "chata"! Sei lá! Olha, toda a gente falava inglês. Até o guia. Ah! espera aí, lembro-me que era uma ilha. Mas era uma ilha grande. Devia ser grande, porque não se via o mar à volta. O hotel era à beira-mar. Tu sabes como o Paulo adora o mar. E, de tantas voltas e visitas pela ilha, nunca vi o mar do outro lado. Portanto, era uma ilha muito grande.
-E tu não te preocupaste em saber o nome da ilha?
-Que "chata"!! Que interesse tem isso? As férias foram extraordinárias e do que me lembro com mais gosto é do fim de tarde nesse anfiteatro, do calorzinho e da música.
-Do nome da ilha não?
-Que "chata" que tu estás!! Ah! e o hotel! Era extraordinário!! Se quiseres saber mais fala com o Paulo.
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