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9 de fevereiro de 2011

RECORDANDO - As velhas tipografias

Antes destas novas tecnologias de composição e impressão de textos destinados a ser divulgados pelo público em geral, era (mais ou menos) assim:

Quando passavamos a porta de acesso à tipografia todo o cérebro ficava "inebriado" com o cheiro a tintas que inundava o ambiente. Junto de algumas máquinas o cheiro era quase insuportável.
Os barulhos metálicos e repetitivos das impressoras, todas diferentes, fosse devido ao seu tamanho ou à sua modernidade ou antiguidade, iam-se modificando, em crescendo, desde a entrada e à medida que se circulava pelo espaço da tipografia. Parecia que toda a maquinaria protestava contra a nossa presença ou que as máquinas discutiam entre si, sem cessar ou protestavam contra o excesso de trabalho.

Debruçados sobre as placas com os tipos, a miríade de letras, filetes e peças colocados ao alcance da mão, os compositores preparavam, com dedos infinitamente pretos, os textos para as "provas de granel".
Por causa do barulho ambiente os cumprimentos eram feitos sem possibilidade de troca de palavras ou com acenos de mão, à distância. Só no "gabinete" do chefe (ao canto, separado do restante por tabiques, uma porta e uma parede de vidro) se podia conversar, embora falando alto.

Verificavam-se as zinco-gravuras e as fotogravuras já feitas, faziam-se cópias para depois se discutirem ideias sobre a paginação. Escolhia-se o papel e a gramagem.
Depois de corrigido o "granel", distribuiam-se as gravuras pelo meio do texto, seguindo preocupações estéticas, fazendo-se as provas de paginação em impressão "à Gutemberg". Depois, nova ideia, nova paginação, ainda outra e outra, aproveitando o espaçamento das gravuras a preto e a cores (habitualmente só na primeira e última páginas e nas centrais, para evitar mais custos).

E, aprovada a paginação, seguia-se a espera ansiosa da saída do primeiro número - a obra!!

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