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11 de março de 2011

BALANÇO DE VIDA OU FIM DE LINHA

Por vezes dou comigo a contar os amigos que ainda estão vivos. A estes tenho, ainda, que abater aqueles que, por isto ou por aquilo, deixaram de pertencer aos activos - os que ficaram pelo caminho e os que já não entram nessa contagem.

Noutras ocasiões ponho-me a fazer a lista das casas em que vivi ao longo da vida que, vendo bem, já vai longa. A vida e a lista. Em cada uma dessas casas (vivendo só ou acompanhado) instalei-me sempre como se fosse definitivamente, fosse com a mesma mulher ou com outra, que tivesse sido, afinal, a causa da mudança. Mulheres, vendo bem, não sei se foram quatro ou cinco, vivendo casado ou como se fosse.
Em cada nova casa sentia-me como se estivesse a iniciar uma nova vida. As medidas a tirar às paredes (às vezes esquecia-me de descontar as portas e janelas), os pacotes, os tarecos, os camiões, o pessoal dos camiões, a mudança era sempre uma festa.
O recheio de uma casa nem sempre podia ser aproveitado por causa do espaço ou por causa do gosto das mulheres que, nestas coisas, são sempre quem manda. Por outro lado, as casss eram cada vez mais pequenas. Algumas coisas ficavam nos camiões de transporte, oferecidas aos carregadores. Não cabiam. Tentava meter o Rossio na Betesga.
Houve um filho, dois, três e... o quarto muito mais tarde. Este último da última mulher ou... já não tenho a certeza se foi da quarta ou da quinta. Só pensando bem. Mas eles, também, foram vindo e indo. Lá nos iamos acomodando. Agora mulher já não há. Foi-se a última e... agora me lembro que não foi a mãe deste que ainda está cá em casa. Seja como for, o problema é que este quer que eu saia. Diz que não há espaço para mim. Não será um problema de espaço. Ou talvez seja - é que há outra mulher, a dele. E diz que já traz outro na barriga.
Ora, eu não quero sair, a casa é minha, mas como estou muito trôpego, se ele me empurra, não me aguento nas pernas e caio.

Parece que estou a mais. Mas que nova casa posso eu arranjar com a pensão que recebo?

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