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7 de julho de 2011

CITAÇÃO XVIII

" Caça aos republicanos

Tem sido furiosa a batida aos homens suspeitos de pertencerem a associações secretas.
É estupendo o que se tem passado e mais extraordinario ainda que uma cidade como Lisboa consinta os seus destinos à mercê do Juiz de instrução criminal e do agente Branco, os dois protagonistas do baixo drama que se tem representado nos aljubes da policia.
O juiz é um possesso furibundo que chega a perder a responsabilidade contorcido nas espiraes da sua allucinação. O agente Branco é uma creatura sinistra, operando a frio, exercendo com calma e com methodo a perseguição, a tortura, o embuste e o ardil.
Da combinação dos dois resulta a alliança tragica da perfidia e do mal. Só com uma diferença: o agente é esperto com a finura calculada dos criminosos e o juiz é impetuoso, com a impetuosidade cega dos desequilibrados.
Tanto peior.
O agente, que é subalterno, prepara com habilidade e proficiencia a tenaz em que a vitima ha de espernear. O juiz furioso, derrancado, com um velo de sangue a empanar-lhe os olhos, aperta o instrumento e executa a tortura.
E é com estas duas figuras que se conta para arranjar victimas que desempenhem o papel de regicidas!
...Ora, na verdade não se sabe onde a loucura é maior, se no paço, no ministério, ou no juizo de instrução criminal..."

"Opiniões e depoimentos"
In: "ALMA NACIONAL"-Numero 1 / Lisboa, 10 de Fevereiro de 1910
Director: António José d'Almeida

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