De um jornal:
«O processo de introdução e divulgação em curso dos e-books em suporte digital adequado, contendo, inclusive, obras mais ou menos volumosas, faz lembrar os tempos iniciais do telemóvel. Durante muito tempo muita gente lhes resistiu. Agora toda agente tem um.»
Ora, a comparação não está correcta.
O telemóvel foi/é utilizado para transmissão de texto oral ou escrito não previamente definido, destina-se a resolver uma necessidade actual e sempre diversa, há transmissor e receptor em tempo real e, por outro lado, a origem e o destino desses textos são (quase sempre) diferentes. Nada disto acontece com os e-books.
Quanto aos e-books podem colocar-se diversas questões. Por exemplo:
- Que books serão introduzidos nos suportes digitais? Em que idiomas? Traduções ou originais?
- Os autores serão diversificados ou só aqueles que (por razões publicitárias ou outras) se prevê terão (maior) mercado?
- Que lugar haverá neles para autores iniciados e com talento (talento que poderá não estar, ainda, reconhecido)?
- Serão só destinados (exclusivamente) a obras de autores clássicos ou consagrados?
- Que oportunidades de publicação terão autores nacionais de países com uma dimensão idêntica a Portugal?
Em resumo:
A divulgação e a EXCLUSIVIDADE de literatura e-book levará à massificação, à monotonia e à morte da criatividade literária.
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